/> Ecológica de Salto: 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Natal de antigamente: velho e sempre novo (Um 2012 mais ECOLÓGICO)



Venho de lá de trás, do final dos anos 30 do século passado, num tempo em que Papai Noel ainda não havia chegado de trenó. Nas nossas colônias italianas, alemães e polonesas, desbravadoras da região de Concórdia-SC, conhecida por ser a sede da Sadia e da Seara com seus excelentes produtos de carne, só se conhecia o Menino Jesus. Eram tempos de fé ingênua e profunda que informava todos os detalhes da vida. Para nós crianças, o Natal era culminância do ano, preparado e ansiado. Finalmente vinha o Menino Jesus com sua mulinha (musseta em italino) para nos trazer presentes.
A região era de pinheirais a perder de vista e era fácil encontrar um belo pinheirinho. Este era enfeitado com os materiais rudimentares daquela região ainda em construção. Utilizavam-se papel colorido, celofã e pinturas que nós mesmos fazíamos na escola. A mãe fazia pão de mel com distintas figuras, humanas e de bichinhos, que eram dependuradas nos galhos do pinheirinho. No topo havia sempre uma estrela grande revestida de papéis vermelhos.

Em baixo, ao redor do pinheirinho, montávamos o presépio, feito de recortes de papel que vinham numa revista que meu pai, mestre-escola, assinava. Ai estava o Bom José, Maria, toda devota, os reis magos, os pastores, as ovelhinhas, o boi e o asno, alguns cachorros, os Anjos cantores que dependurávamos nos galhos de baixo. E naturalmente, no centro, o Menino Jesus, que, vendo-o quase nu, imaginávamos, tiritando de frio, e nos enchíamos de compaixão.

Vivíamos o tempo glorioso do mito. O mito traduz melhor a verdade que a pura e simples descrição histórica. Como falar de um Deus que se fez criança, do mistério do ser humano, de sua salvação, do bem e do mal senão contando histórias, projetando mitos que nos revelam o sentido profundo do tais fatos? Os relatos do nascimento de Jesus contidos nos evangelhos, contem elementos históricos, mas para enfatizar seu significado religioso, vem revestidos de linguagem mitológica e simbólica. Para nós crianças tudo isso eram verdades que assumíamos com entusiasmo.

Mesmo antes de se introduzir o décimo terceiro salário, os professores ganhavam um provento extra de Natal. Meu pai gastava todo este dinheiro para comprar presentes aos 11 filhos. E eram presentes que vinham de longe e todos instrutivos: baralho com os nomes dos principais músicos, dos pintores célebres cujos nomes custávamos de pronunciar e riamos de suas barbas ou de seu nariz ou de qualquer outra singularidade. Um presente fez fortuna: uma caixa com materiais para construir uma casa ou um castelo. Nós, os mais velhos, começamos a participar da modernidade: ganhávamos um gipe ou um carrinho que se moviam dando corda, ou um roda que girando lançava faíscas e outros semelhantes.

Para não haver brigas de baixo de cada presente,depndurado nos galhos, vinha o nome do filho e da filha. E depois, começavam as negociações e as trocas. A prova infalível de que o Menino Jesus de fato passou lá em casa era o desaparecimento dos feixes de grama fresca. Corríamos para verificá-lo. E de fato, a musetta havia comido tudo.

Hoje vivemos os tempos da razão e da desmitologização. Mas isso vale somente para nós adultos. As crianças, mesmo com o Papa Noel e menos com o Menino Jesus, vivem o mundo encantando do sonho. O bom velhinho traz presentes e dá bons conselhos. Como tenho barba branca, não há criança que passe por mim que não me chame de Papai Noel. Explico-lhes que sou apenas o irmão do Papai Noel que vem para observar se as crianças fazem tudo direitinho. Depois conto tudo ao Papai Noel para ganharem um bom presente. Mesmo assim muitos duvidam. Se aproximam, apalpam minha barba e dizem: de fato o Sr. é o Papa Noel mesmo. Sou uma pessoa como qualquer outra, mas o mito me faz ser Papai Noel de verdade.
Se nós adultos, filhos da crítica e desmitologização, não conseguimos mais nos encantar, permitamos que nossos filhos e filhas se encantem e gozem o reino mágico da fantasia. Sua existência será repleta se sentido e de alegria. O que queremos mais para o Natal senão esses dons preciosos que Jesus quis também trazer a este mundo?

Leonardo Boff é autor de O Sol da Esperança: Natal, histórias, poesias e símbolos, Editora Mar de Idéias, Rio de Janeiro 2007.

Ecológica de Salto deseja a todos:
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO DE 2012 A TODOS!!!!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

SEMA e MP realizam Seminário sobre Resíduos Sólidos




Em parceria, a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) e o Ministério Público (MP) irão realizar no dia 05 de dezembro, um seminário sobre o Plano Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos. O evento acontecerá no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, em São Luís.
O evento contará com o apoio da Associação de Membros do Ministério Público em Meio Ambiente (ABRAMPA) e a Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (FAMEM). Estão sendo convidados prefeitos dos 217 municípios maranhenses, promotores de Justiça, gestores municipais da área de Meio Ambiente, dentre outros.
O objetivo é discutir a gestão integrada e política de gestão eficiente dos resíduos sólidos no âmbito estadual. Tem com meta, também, atender às determinações previstas na legislação ambiental no que se refere à formulação dos Planos Estaduais de Gestão de Resíduos Sólidos, estabelecendo diretrizes para a ação do estado e sensibilizar os prefeitos para a importância de os municípios elaborarem seus planos de gestão, articulados com as diretrizes da Política Nacional.
Nesta sexta-feira (18), o secretário da SEMA, deputado estadual Victor Mendes (PV) e o promotor de Meio-Ambiente, Fernando Barreto, irão conceder entrevista coletiva na SEMA para dar mais detalhes sobre o evento.



De acordo com o secretário Victor Mendes, com a iniciativa, o MP e a SEMA estão unindo forças em favor da elaboração do Plano Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos, importante instrumento regulador da questão no estado.
“Com o Plano, desejamos dotar o Maranhão de instrumentos que permitam o enfrentamento deste, que é um dos principais problemas ambientais do país, que é o manejo inadequado dos resíduos sólidos”, explicou o secretário.
De acordo com o promotor Fernando Barreto, no Maranhão, mais de 94% dos municípios ainda operam lixões, daí a necessidade de ações articuladas para a formulação dos planos municipais de gerenciamento que tragam soluções eficazes.
“A realização do seminário permitirá a discussão compartilhada entre Prefeitos e promotores de Justiça sobre os modos de enfrentar o grave problema dos lixões, dentre outros decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos”, afirmou o promotor.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A ilusão de uma economia verde...

16/10/2011
por Leonardo Boff
 
 
Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em conseqüência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado. Na verdade, a expressão “aquecimento global”esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação daqueles 15 entre os 24 serviços, elencados pela Avaliação Ecossistêmica da Terra (ONU), responsáveis pela sustentabilidade do planeta(água, energia, solos, sementes, fibras etc). 

A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros,especialmente os que tratam da macroeconomia.

A produção de baixo de carbono, os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza, a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha.

Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido critico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma de dominação da natureza. Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje pelo método da Análise do Ciclo de Vida podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Ai fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de todo um processo. A produção nunca é de todo ecoamigável.

Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas, o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas, os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsam as minhocas que são fundamentais para a regeneração os solos; elas só voltam depois de cinco anos. 

Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte de Gaia e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade. 

Para nos salvar não vejo outro caminho senão aquele apontado pela Carta da Terra:”o destino comum nos conclama a buscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”(final).
Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada culherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos. Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital.

Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão.
Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde.Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Estamos com fome de amor...

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor

terça-feira, 4 de outubro de 2011

W. Novaes: Continua, célere, o desmatamento da Amazônia


03/10/2011
por Leonardo Boff
O jornalista Washington Novaes continua,corajosamente, denunciando o desastre ecológico que está ocorrendo na região amazônica. Divulgamos aqui um texto cujo titulo original é “Diálogo com um surdo
no meio da floresta”publicado em “O Estado de São Paulo” no dia 23 de setembro de 2011.
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Há questões muito relevantes no Brasil em que, na aparência, acontece um diálogo entre governo e sociedade; na prática, entretanto, os governantes parecem absolutamente surdos ao que dizem cientistas e cidadãos; só ouve os que estão do lado oposto. E esse é – entre outros – o caso da gestão “sustentável” de florestas públicas por empreendimentos privados.

Ainda há poucos dias, o jornal Folha de S. Paulo (4/9) divulgou estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (SP) mostrando que o manejo de florestas nativas é, ao menos do ponto de vista econômico, “insustentável”, pois não permite a regeneração das árvores mais valiosas e tende à perda da rentabilidade após o primeiro corte para comercialização. Imagine-se então o que acontece em termos de sustentação da biodiversidade e da manutenção da floresta. Uma questão tão grave que, segundo o estudo, “pode fazer fracassar a política federal de concessão de florestas”. O caso estudado é em Paragominas, PA, região onde o autor destas linhas esteve há uma década acompanhando um desses projetos e concluiu que de sustentável nada tinha; algum tempo depois, ele foi embargado pelo Ibama, porque retirava sete vezes mas madeira do que lhe era permitido.

Pois exatamente poucos dias depois de divulgado esse estudo da ESALQ anunciava o Ministério do Meio Ambiente (9/9) que “10 florestas nacionais integram a lista de florestas públicas que poderão ser concedidas em 2012, segundo o Plano Anual de Outorga Florestal”. Ao todo, 4,4 milhões de hectares – ou 44 mil quilômetros quadrados no Pará, Rondônia e Acre, equivalentes a mais de dois Estados de Sergipe. E 2,8 milhões de hectares se destinarão à “produção sustentável”. Da qual se espera retirar 1,8 milhão de metros cúbicos de madeira.

É uma política que vem desde a gestão Marina Silva no Ministério, contestada por uma legião de conceituados cientistas – mas sem que merecesse qualquer discussão. Foi aprovada por proposta do governo ao Congresso em 2006, por escassa maioria – 221 votos a 199. E dava direito a conceder até 50 milhões de hectares, por 40 anos. Imediatamente vieram críticas contundentes, muitas delas já mencionadas em artigos neste espaço. A começar pelas do respeitado professor Aziz Ab´Saber, da USP, para quem se trata de “um crime histórico, uma ameaça de catástrofe”. A seu ver, mais de 40% das terras são públicas e permitiriam “um programa exemplar”. A concessão, no entanto,como seria feita pela proposta aprovada, levaria à exploração intensiva à margem de rodovias e à perda da biodiversidade. Mais ainda: as florestas jamais voltarão ao domínio público após 40 anos. Todos os países que entraram por esse caminho ficaram sem elas.

O professor Rogério Griebel, do Instituto de Pesquisas da Amazônia, e o almirante Ibsen Gusmão Câmara argumentaram na mesma direção: é um sistema que dará início a um processo de evolução às avessas, partindo dos exemplares mais fracos (os que restarem após o corte dos melhores). Outro cientista do INPA, Niso Higuchi, e o escritor Thiago de Mello, perguntaram como seria possível falar em manejo sustentável se em um único hectare de florestas podem ser encontradas árvores com tempo de maturação de 50 anos, ao lado de outras cujo tempo chega a ser de 1400 anos. Como selecionar para o corte ? Os professores Enéas Salati e Antônia M., Ferreira lembraram que existem muitas Amazônias diferentes, é preciso conhecer todas minuciosamente, antes de qualquer decisão. E os professores Deborah Lima (UFMG) e Jorge Pezzobon (Museu Goeldi) acentuaram que os melhores exemplos de sustentabilidade não estão nesses projetos, e sim em áreas indígenas; o manejo “sustentável”, ao contrário, está entre os piores. E o agrônomo Ciro F. Siqueira trouxe argumento muito forte: não se deterá o desmatamento enquanto explorar ilegalmente um hectare invadido ou grilado custe menos da metade do que se gasta com um hectare em que se paguem todos os custos. Principalmente porque, como argumentou o ex-ministro José Goldemberg, no Brasil temos um fiscal para cada 100 mil hectares, 27 vezes menos que a média mundial. Da mesma forma poderia ser dito que o Ministério do Meio Ambiente continua tendo pouco mais de meio por cento do orçamento federal. Como fará para cuidar de milhões de quilômetros quadrados da Amazônia ? “Não temos para onde correr”, limitou-se a dizer na época o diretor do Serviço Florestal Brasileiro (quem quiser conhecer em toda a sua extensão os pareceres dos cientistas pode recorrer aos números 53 e 54 da revista do Instituto de Estudos Avançados da USP).

Nesta mesma hora em que se vai avançar pelos mesmos caminhos – com os cientistas dizendo que todos os países que seguiram essa rota perderam suas florestas – uma notícia deste jornal informa que 60% da madeira amazônica é desperdiçada por ineficiência no beneficiamento – quando o país consome 17 milhões de metros cúbicos anuais, segundo algumas fontes, ou 25 milhões segundo outras (Envolverde, 20/10/10). 46% do desmatamento corre por conta da agricultura (Greenpeace, 31/8). E poderão ser muito problemáticos os caminhos oficiais que permitem regularizar terras pagando até R$2,99 por hectare, com prazo de 20 anos.

E enquanto a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência se esgoela inutilmente pedindo um programa de desmatamento zero e forte investimento em ciência na região – para formar cientistas, investir em pesquisas da biodiversidade – , este jornal traz a advertência do Imazon (15/7): o desmatamento vai aumentar até julho de 2012, com 10,5% mais que no período 2009/10. 

Com que cara vamos nos apresentar à Rio +20 no ano que vem, quando a perda de florestas será um dos temais centrais ? Como vamos dizer que temos e cumpriremos metas para a área do clima ? Vamos seguir nessa interminável tentativa de diálogo com um surdo ?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

CARCARÁ

 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma caixa taxonómicaCarcará
Polyborus plancus.jpg

Estado de conservação
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Falconiformes
Família: Falconidae
Género: Polyborus
Espécie: P. plancus

Nome binomial
Polyborus plancus
Miller, 1777
O carcará, por vezes chamado de carancho e gavião caracará, é um falconídeo. Sua envergadura chega a 123 cm e o comprimento varia entre 50 e 60cm. Seu nome científico é Polyborus plancus ou Caracara cheriway; a subespécie brasileira é P. p. brasiliensis. É tido como ave tipicamente brasileira, tanto que Audubon o chamava, no século XIX, de águia-brasileira. No entanto, possui uma distribuição geográfica ampla, que vai da Argentina até o sul dos Estados Unidos, ocupando toda uma variedade de ecossistemas, fora a cordilheira dos Andes.

Carcará
O carcará é facilmente reconhecível quando pousado, pelo fato de ter uma espécie de solidéu preto sobre a cabeça, assim como um bico adunco e alto, que se assemelha à lâmina de um cutelo; a face é vermelha. É recoberto de preto na parte superior e tem no peito de uma combinação de marrom claro com riscas pretas, de tipo carijó/pedrês; patas compridas e de cor amarela; em voo, assemelha-se a um urubu, mas é reconhecível por duas manchas de cor clara na extremidade das asas.
O carcará não é, taxonomicamente, uma águia, e sim um parente distante dos falcões. Diferentemente destes, no entanto, não é um predador especializado, e sim um generalista e oportunista (assim como os seus parentes próximos, o chimango e o gavião-carrapateiro ou chimango-branco) alimentando-se de insetos, anfíbios, roedores e quaisquer outras presas fáceis; ataca crias de mamíferos (como filhotes recém-nascidos de ovelhas) e acompanha os urubus em busca de carniça. Passa muito tempo no chão, ajudado pelas suas longas patas adaptadas à marcha, mas é também um excelente voador e planador.

Carcará fotografado próximo a cidade de Marabá, estado do Pará, Brasil.
Um casal de carcarás pode ser visto próximo dos humanos, por exemplo, numa área de atividade agrícola, mais especificamente, chegando a alguns metros distante de um trator que esteja arando terra, à espera de uma oportunidade de encontrar pequenos insetos e outros eventuais animais que inevitavelmente se tornam visíveis a essas aves predadoras.
Tal espécie foi adotada no ano de 2005 para representar a Agência Brasileira de Inteligência no lugar da tradicional araponga.



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O jardineiro

"O jardineiro só colhia as rosas ao anoitecer, porque durante o sono elas não sentiam o aço frio da tesoura. Uma noite ele sonhou que cortava as hastes de manhã, em pleno sol, as rosas despertas e gritanto e sangrando na altura do corte das cabeças decepadas. Quando ele acordou, viu que estava com as mãos sujas de sangue." 
A DISCIPLINA DO AMOR (Lygia Fagundes Telles)
 

domingo, 17 de julho de 2011

17 de Julho: Dia de Proteção às Florestas!!



CAATINGA: A ÚNICA FLORESTA EXCLUSIVAMENTE BRASILEIRA

Estamos no Ano Internacional das Florestas, declarado pela ONU para que as florestas sejam mais preservadas e valorizadas e, no próximo dia 17 de julho, domingo, comemora-se o Dia de Proteção às Florestas. Quando falamos em floresta, nós, brasileiros, pensamos logo em Floresta Amazônica ou Mata Atlântica, mas você sabia que a Caatinga
A caatinga da Reserva Natural Serra das Almas no período seco (acima) e no chuvoso (abaixo)
também é uma floresta? Que suas árvores podem atingir mais de 20 metros de altura, o equivalente a um edifício de 7 andares? A Caatinga é a única floresta exclusivamente brasileira, a Amazônica e a Atlântica ocorrem em outros países, mas a caatinga é só nossa. Os índios a conheciam bem, por isso a chamavam de mata branca. Isso porque, no período
seco, as árvores da caatinga perdem suas folhas deixando expostos apenas troncos e galhos esbranquiçados, o que parece,aos desavisados, que as árvores estão mortas e que a mata está sem vida. A imagem que a maioria das pessoas tem da Caatinga é de paisagem seca, solo rachado, cactus e gado morto. O período seco é apenas uma fase da caatinga, em sua outra fase, no período chuvoso, a caatinga é uma mata verde com flores e frutos coloridos. Por isso, a Associação Caatinga através de seus projetos preserva essa floresta única e que corre risco de desaparecer do
mapa.
Esquema das raízes tuberosas das árvores
Como as árvores da caatinga sobrevivem ao período seco?
Durante o período chuvoso as árvores armazenam água e nutrientes em seus caules e raízes. Para enfrentar o período seco, as plantas perdem as folhas, dessa forma diminuem o gasto de energia e evitam a perda de água através da evapotranspiração das folhas. A planta diminui sua atividade, entrando num estado de “hibernação” e dessa forma atravessa o período seco utilizando apenas o que foi armazenado. As folhas caídas no chão, secam e formam um tapete que protege o solo e as raízes da insolação. Dessa forma as árvores e arbustos da caatinga atravessam o período seco e nas primeiras chuvas as folhas voltam a brotar, lança flores e frutos e armazena nutrientes e água para o próximo período.
Voce sabia?
Caatinga é a vegetação adaptada ao clima semiárido, sendo a vegetação predominante no estado do Ceará e encontrada ainda nos estados do PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA e MG chegando a aproximadamente 800.000 km² o que equivale a 10% do território nacional. A caatinga apresenta inúmeras formas de vegetação, indo desde a caatinga aberta baixa até caatinga florestada alta. A caatinga florestada é fechada, densa é rica em elementos arbóreos e povoada de espécies nobres, como aroeira, cedro, pau d´arco, pau branco, pau-violete,cumaru, barriguda, baraúna. Infelizmente, em poucos lugares, resta escondida a caatinga florestada preservada, um dos locais é a Reserva Natural Serra das Almas, mantida pela Associação Caatinga em Crateús/CE. O Ceará possui pouco menos de 10% de floresta de caatinga e ainda assim, são muitas as pressões que contribuem para a redução do pouco que resta. Desde a colonização, essas áreas sofreram alterações na sua estrutura, com as criações, a expansão da agricultura e a exploração madeireira.  As áreas de caatinga densa e florestada desempenham importantes funções como banco de sementes de espécies nativas, refúgio de fauna, fixação de carbono, proteção das nascentes, equilíbrio do solo, regulação do clima, além do bem-estar das relações homem-natureza.
Vista do mirante da Reserva Natural Serra das Almas
Serviço:
Conheça a Caatinga Florestada da Reserva Natural Serra das Almas
Agende uma visita no (88) 3691-8675 ou reserva@acaatinga.org.br
Categoria: Destaques

Animais e Crianças!


Animação mostra como os animais de estimação ajudam no desenvolvimento psicossocial das crianças e podem significar mais do que um simples amigo para brincadeiras.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Segundo a AKATU, preocupação do brasileiro com a preservação ambiental diminui!

 
Pesquisa da Fecomércio-RJ revela que a queda foi de 65% para 57% nos últimos cinco anos; idosos revelam mais consciência no consumo que jovens
 
Entre 2007 e 2011, o percentual de brasileiros que dizem adotar hábitos de consumo que preservam o meio ambiente caiu de 65% para 57%, segundo pesquisa nacional feita pela Federação do Comércio Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) divulgada em junho. Há cinco anos, quando o levantamento começou a ser realizado, 26% não consideravam a questão ambiental na hora de consumir, agora são 37%. Em 2007, 9% não responderam à pergunta, contra 6% em 2011.

Nos últimos cinco anos, segundo a Fecomércio, houve redução nos seguintes hábitos:
  •  fechar a torneira ao escovar os dentes (caiu de 92% para 86%);
  • apagar as luzes ao sair de determinado ambiente (de 93% para 88%);
  • se programar antes das compras de alimentos para evitar desperdício (de 76% para 72%). 
“É difícil fazer uma afirmação genérica de que o consumidor brasileiro está menos consciente”, pondera Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.
Ele explica que desde 2003, o Akatu vem medindo a consciência do cidadão no consumo e para isso, aplica uma metodologia própria. De acordo com esse mapeamento, o consumidor brasileiro é categorizado em quatro grupos conforme o nível de consciência e mobilização para o consumo mais sustentável; do mais alto para o mais baixo nesta ordem: conscientes, engajados, iniciantes e indiferentes.

De acordo com Mattar, pelo mapeamento do Akatu, há uma queda de consciência no consumo apenas entre no grupo de brasileiros perfilados nas duas faixas menos conscientes.
O crescimento no consumo, nos últimos anos, e a inclusão de camadas consideráveis da população em níveis de renda que possibilitaram um consumo represado explicam um pouco este perfil. Em geral, este consumidor se preocupa mais com as coisas que dizem respeito a ele mesmo e no curto prazo, e menos com as que dizem respeito à sociedade no longo prazo.

 “Já entre os consumidores considerados conscientes, que representam quase um terço da população brasileira, vem melhorando o comportamento em termos de consciência do impacto do consumo, seja sobre o meio ambiente, seja sobre a sociedade. Isso quer dizer que esse grupo internalizou a consciência do consumo e está no dia-a-dia utilizando essa consciência”, ressalta Mattar.

“O trabalho do Akatu tem foco no consumidor”, diz Mattar. Segundo ele, para reverter esse quando, o Akatu busca tanto criar a consciência do consumo entre os consumidores menos conscientes como aprofundar a prática entre os que já são mais conscientes.

“Nós acreditamos que a consciência no consumo só é possível se o consumidor conhecer os impactos de cada ato de consumo. É preciso que todos, além de ter informação, tenham a percepção de que o seu ato individual de consumo terá, efetivamente, um poder transformador sobre a sociedade e o ambiente. Nesse sentido, por meio da disseminação de informação, mobilizamos os consumidores para que, ao consumir, eles tenham a percepção do protagonismo que eles exercem nesse processo”.

Ainda segundo o levantamento da Fecomércio, em 2007, 27% dos brasileiros verificavam se os produtos adquiridos eram geneticamente modificados ou transgênicos. Em 2011, esse número caiu para 20%. Em relação ao desperdício, há cinco anos, 76% verificavam os armários e a geladeira antes de fazer compras e atualmente, esse percentual caiu para 72%.

Para o superintendente de Economia e Pesquisas da Fecomércio-RJ, João Carlos Gomes, “a construção de uma consciência verdadeiramente ecológica ainda se revela como um desafio ao país”.

Idosos mais conscientes que jovens

Em relação à idade dos entrevistados, os idosos têm maior preocupação quanto aos hábitos mais saudáveis para o meio ambiente: 91% dos brasileiros de terceira idade fecham a torneira ao escovar os dentes (apenas 81% dos jovens cultivam este hábito). A prática de separar o lixo para reciclagem também é maior: 54% contra 37%, respectivamente. A terceira idade também se preocupa mais com a renovação da vegetação: 41% dos idosos revelaram plantar árvores ou cuidar de jardins. Entre os jovens, 31% se ocupam desta forma.

Já na comparação entre os sexos, as mulheres mantêm hábitos mais ecológicos: 90% apagam a luz ao deixar um recinto, enquanto 86% dos homens lembram de “apertar o botão”. Ao escovar os dentes, 88% das mulheres fecham a torneira, contra 84% dos homens.
E entre as classes sociais, as diferenças também aparecem: 39% dos brasileiros das classes A e B afirmam consumir produtos com menor impacto ambiental, contra 25% e 19% das C e DE, respectivamente.

O levantamento foi realizado em 70 cidades, incluindo nove regiões metropolitanas do país.
http://www.akatu.org.br/Temas/Consumo-Consciente/Posts/Cai-preocupacao-do-brasileiro-com-a-preservacao-ambiental
Fonte: AKATU 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Aprenda a montar uma sequência segura para suas senhas pessoais...

Edição do dia 29/06/2011
29/06/2011 11h57 - Atualizado em 29/06/2011 14h17

Para dificultar os ataques, o segredo está na combinação dos dígitos.
O ideal é usar letras, números e até pontuações. Veja outras dicas.

Helen Sacconi Campinas, SP

Na internet ninguém está seguro. "Infelizmente não existe senha inviolável, de modo geral não existe sistema 100% seguro", avisa Alexandre Braga, pesquisador.
Para dificultar os ataques, o segredo está na combinação dos dígitos. Quatro números geram 10 mil combinações, cinco números 100 mil, seis são um milhão de combinações. Apesar de parecer bastante, um hacker ainda pode violar a senha em segundos.
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“Se você acrescentar uma letra, você multiplica pela quantidade de letras do alfabeto, então são 26 vezes mais, isso se considerar só maiúsculas ou só minúsculas. Se considerar as duas, multiplica por 52. Mas isso, em um sistema que não tenha outras proteções, só se vale da senha, ainda é pouco, ainda é fácil de descobrir em minutos”, alerta Braga.

Por isso o ideal é usar letras, números e até pontuações. A senha deve ter no mínimo oito dígitos, mas use o máximo permitido. Para ser fácil de lembrar faça uma frase.

"A Globo é a emissora de TV do Brasil, por exemplo. Escolha todas as iniciais dessa frase, e monta com isso uma senha. Aí trocamos vogais por números, a letra E pode ser o 3, e assim por diante, isso dificulta o atacante de adivinhar sua senha", explica o pesquisador.

Um estudo de comportamento sobre a escolha da senha, usado no Centro de Pesquisa em Tecnologia de Informação, mostra que metade das pessoas inicia a combinação utilizando os primeiros botões do teclado, no caso das letras A e S, dos números 1 e 2 e das pontuações ! e @. Isso facilita a descoberta. Outro erro comum é formar uma palavra em que a primeira letra aparece maiúscula.

“A senha, de forma nenhuma pode parecer uma palavra, no sentido de ter vogais, consoantes, vogais e consoantes, seguidas por dois ou três numeros. Isso é uma senha fácil. E evite usar números conhecidos, que os seus seguidores da internet conhecem. Suas datas de aniversário, placa de carro, números de documentos em geral. Seja criativo”, conclui.”, avisa.

Troque a senha de seis em seis meses. É melhor anotar num papel uma senha difícil do que ter a combinação fácil na cabeça e ser descoberto.

Outras dicas e orientações de segurança na internet
Se você costuma fazer compras ou pagar contas pela internet, compre um computador bem simples e barato só para acessar a internet e fazer essas compras e pagamentos. Não use esse computador para ler e-mails, baixar conteúdo nem para acessar redes sociais ou instalar programas. Essas são as principais fontes de vírus, de programas maliciosos que roubam senhas e dados pessoais.

Há estatísticas que dizem que, ao ligar o computador, o usuário já é vítima de, pelo menos, uma tentativa de invasão. E o risco é maior em ambientes públicos. Um computador só é seguro se tem antivírus atualizado. Existem alguns gratuitos disponíveis na internet. Mas a fonte tem de ser confiável.

Os programas precisam ser originais. A senha é como a chave de casa: pessoal, intransferível e com, no mínino, oito caracteres. Melhor se misturar números, letras maiúsculas e minúsculas e símbolos. Senhas usadas para acessar emails ou sites de bancos jamais devem ser usadas em lugares públicos como lan houses, hotéis e cafés. Outra dica é não usar a mesma senha em sites diferentes.

Cuidado com as lojas virtuais. É preciso checar a procedência. O “cadeado” no topo da página é garantia de ambiente seguro. Nas redes sociais, configure as opções de privacidade para segurança máxima. E só aceite como amigos pessoas que você realmente sabe quem são.
 

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Relato de um doutorando




Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata- se de um Brasil que a gente não conhece.
As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.
Para começar, o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense. Pra falar a verdade, acho que a proporção de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto, falta uma identidade com a terra.
Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, (e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro) ou a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do governo.

Não existe indústria de qualquer tipo. Pouco mais de 70% do território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%, descontando- se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.
Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km ) existe um trecho de aproximadamente 200 km reserva indígena (Waimiri Atroari) por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados.
Detalhe: Você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI.
Outro detalhe: americanos entram à hora que quiserem. Se você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode entrar. A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui americano tipo nerd com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas, pasme, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí, camu-camu etc., medicinais ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar 'royalties' para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia...
Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: Os americanos vão acabar tomando a Amazônia. E em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí:
'Irão não minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa'.
A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas. Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo
objetivo de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares.
Pergunto inocentemente às pessoas:  porque os americanos querem tanto proteger os índios ?  A resposta é absolutamente a mesma, porque as terras indígenas além das riquezas animal e vegetal, da abundância de água, são extremamente ricas em ouro - encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, outras pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO.
Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a  alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa.
É, pessoal... saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho.
Será que podemos fazer alguma coisa???
Acho que sim.
Repasse essa informação, para que um maior número de brasileiros fique sabendo desses absurdos.
Mara Silvia Alexandre Costa
Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog. FMRP - USP
Opinião pessoal:
Gostaria que você repasse para o maior número possível de pessoas. Do meu ponto de vista seria interessante que o país inteiro ficasse sabendo desta situação através dos telejornais antes que isso venha a acontecer.
Afinal foi num momento de fraqueza dos Estados Unidos que os europeus lançaram o Euro, assim poderá se aproveitar esta situação de fraqueza norte-americana (perdas na guerra do Iraque) para revelar isto ao mundo a fim de antecipar a próxima guerra.
Conto com sua participação, no envio deste e-mail.
Celso Luiz Borges de Oliveira
Doutorando em Água e Solo FEAGRI/UNICAMP
  

domingo, 19 de junho de 2011

MENINO DEUS

Caetano Veloso

Composição : Caetano Veloso
Menino Deus, um corpo azul-dourado
Um porto alegre é bem mais que um seguro
Na rota das nossas viagens no escuro
Menino Deus, quando tua luz se acenda
A minha voz comporá tua lenda
E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve
Mas ouve a nossa harmonia
A eletricidade ligada no dia
Em que brilharias por sobre a cidade
Menino Deus, quando a flor do teu sexo
Abrir as pétalas para o universo
E então, por um lapso, se encontrar no anexo
Ligando os breus, dando sentido aos mundos
E aos corações sentimentos profundos de terna alegria no dia
Do menino Deus
Do menino Deus
Do menino Deus
No dia do menino Deus


quinta-feira, 16 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

DEUS NEGRO

Eu, detestando pretos,
Eu, sem coração!
Eu, perdido num coreto,
Gritando: "Separação"!

Eu, você, nós...nós todos,
cheios de preconceitos,
fugindo como se eles carregassem lodo,
lodo na cor...
E, com petulância, arrogância,
afastando a pele irmã.

Mas,
estou pensando agora,
e quando chegar minha hora?
Meu Deus, se eu morresse amanhã, de manhã?
Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,
se eu chegasse lá e um porteiro manco,
como os aleijados que eu gozei, viesse abrir a porta,
e eu reparasse em sua vista torta, igual àquela que eu critiquei?
Se a sua mão tateasse pelo trinco,
como as mãos do cego que não ajudei?
Se a porta rangesse, chorando os choros que provoquei ?
Se uma criança me tomasse pela mão,
criança como aquela que não embalei,
e me levasse por um corredor florido, colorido,
como as flores que eu jamais dei?
Se eu sentisse o chão frio,
como o dos presídios que não visitei?
Se eu visse as paredes caindo,
como as das creches e asilos que não ajudei?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
corpos que eu não levantei
dando desculpas de que eram bêbados, mas eram epiléticos,
que era vagabundagem, mas era fome?

Meu Deus!
Agora me assusta pronunciar seu nome.
E se mais para a frente a criança cobrisse o corpo nu,
da prostituta que eu usei,
ou do moribundo que não olhei,
ou da velha que não respeitei,
ou da mãe que não amei?
Corpo de alguém exposto, jogado por minha causa,
porque não estendi a mão, porque no amor fiz pausa e dei,
sei lá, só dei desgosto?

E, no fim do corredor, o início da decepção.
Que raiva, que desespero,
se visse o mecânico, o operário, aquele vizinho,
o maldito funcionário, e até, até o padeiro,
todos sorrindo não sei de quê?
Ah! Sei sim, riem da minha decepção.

Deus não está vestido de ouro. Mas como?
Está num simples trono.
Simples como não fui, humilde como não sou.

Deus decepção.
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
sem aquela imponente classe.

Deus simples! Deus negro!
Deus negro?

E Eu...
Racista, egoísta. E agora?
Na terra só persegui os pretos,
não aluguei casa, não apertei a mão.

Meu Deus você é negro, que desilusão!

Será que vai me dar uma morada?
Será que vai apertar minha mão? Que nada.

Meu Deus você é negro, que decepção!

Não dei emprego, virei o rosto. E agora?
Será que vai me dar um canto, vai me cobrir com seu manto?
Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei?

Deus, eu não podia adivinhar.
Por que você se fez assim?
Por que se fez preto, preto como o engraxate,
aquele que expulsei da frente de casa?

Deus, pregaram você na cruz
e você me pregou uma peça.
Eu me esforcei à beça em tantas coisas,
e cheguei até a pensar em amor,

Mas nunca,
nunca pensei em adivinhar sua cor.

Autor: Neimar de Barros

ESCUTATÓRIA


vi e ouvi catedráticos de várias áreas oferecerem palestras e cursos os mais variados.

Podemos destacar dentre eles, para mencionar apenas os menos técnicos, mais procurados e mais comuns, cuja duração não excede trinta dias, temos:

I - Curso de Oratória;
II - Curso de Liderança
III - Curso de Relações Humanas;
IV - Curso de Relações Públicas;
V - Curso de Noivos;
VI - Curso de batizados.

Entretanto, nunca vejo qualquer expert oferecendo curso de ESCUTATÓRIA.
 
Curioso não? Nenhum especialista se apresentou até agora para ministrar cursos de ESCUTATÓRIA.
 
Acho até que o leitor pensa que estou falando grego.
 
Pois bem, todos querem aprender a falar, mas ninguém quer aprender a OUVIR.
 
Devia haver um curso que nos ensinasse a OUVIR - não esse de psicologia que envolve nível universitário, mas um que o povo tivesse alcance.
 
Saber OUVIR é uma das maiores dificuldades do momento, com exceção dos namorados, enquanto namorados.
 
Quando casam, ao primeiro atrito, dificilmente um escuta as razões do outro. Fica cada um procurando falar mais alto e simultaneamente. Resultado, ninguém ouve o que o outro diz e a celeuma está gerada com conseqüências inimagináveis.
 
Isto não ocorre somente entre os casais e pais e filhos.
 
Onde duas ou mais pessoas discutem, é costume cada um falar cada vez mais alto, como se o outro estivesse a dezenas de metros de distância.
 
Por outro lado, em muitas reuniões ou encontros, quando o orador está falando, aparecem os apartes e alguns comentaristas com suas dúvidas. Acontece ai, que dois, três ou mais, se manifestam ao mesmo tempo, sem chance para o orador responder as indagações.
 
A única exceção que observo é nos templos católicos e evangélicos. Quando o sacerdote ou pastor faz a sua pregação, todos ouvem, mesmo não gostando do tema ou do pregador, não reagem, e lá permanecem até o encerramento do ritual religioso. Entretanto, quando desagrada, lá na platéia de repente começa um ti ti ti. (Estou mentindo?)
 
Se alguém nos ensinasse a OUVIR, certamente seríamos bem mais felizes.
 
Os profissionais da área de saúde sabem, o quanto é perfeito o nosso mecanismo auditivo, que utilizamos de modo tão inadequado.

O encantamento não está somente em aprender a OUVIR as pessoas.

Precisamos também aprender a OUVIR a natureza. E neste caso, dispensamos os catedráticos, pois o sussurro da brisa, o gorjear dos pássaros, o embalo afinado dos anfíbios em noites invernosas, ou a chuva caindo em nosso teto e escorrendo pelas biqueiras, tudo é música e está ao alcance de todos. Tudo isto é poesia, é beleza é iluminação interior, e só precisamos OUVIR, para perceber a presença Divina em nossa vida.

Poderia aqui ampliar, e falar sobre OUVIR o silêncio, que nos proporciona mais bem estar do que podemos imaginar, mas isto requer explicações bem mais profundas e prolongadas. Fica para outra postagem.

E então gente, vocês não acham que precisamos de alguém que ministre um curso de ESCUTATÓRIA? 

Escrito por Vicente Almeida
13/06/2011